Algo chegou a me incomodar essa semana por causa de uma resposta dada por mim em uma potagem sobre uma cantora pop norte-americana. O fato gerou uma resposta até brava de uma querida irmã, uma resposta legítima musicalmente até certo ponto, como opinião de direito dela, mas que esconde um dilema centenário e íntimo de quase todos os crentes sejam de que idade forem, nível cultural, econômico, etc. Até que ponto a admiração por um cantor secular pode, a despeito de talento e técnica obscurecer o valor de um cantor e portanto artista que só cante a sua fé? Ao cantor ou cantora secular toda a admiração sem restrição alguma e ao cantor que confessa a mesma fé geral e básica cristã todas as pedras e restrições? Não seira um cado típico de dois pesos e duas medidas? Uma incoerência?
Para quem conhece minimanente a história da música sabe muito bem ( ou deveria saber ) que o desenvolvimento da linguagem musical, ou da música como linguagem, se deveu e se deve concretamente ao binômio estranho entre o divino e o profano, entre o religioso e secular, um colaborando mutuamente, de diversas maneiras, em períodos diferentes, colaborando para o desenvolvimento do outro.
Os chamados "hinos" nada são que um tipo de música popular de exaltação usado e composto desde para a consolidação de uma nacionalidade, de um time de futebol, de uma cidade, de uma escola e também da exaltação de uma divindade, e no caso do cristianismo, de cristianismo bíblico, de Deus.
Claro que é compreensivel a separação superficial e mais detectável entre o que é secular e sagrado, optando boa parte dos crentes, ou até a grande maioria, pela opção e gosto da música goslpel no caso e a rejeição e abandono total da chamada música profana ou secular.
Entretanto uma lacuna de cantores, canções, digamos mais modernas e menos centenárias, que em qualidade tecnológica e mais afeitas ao tempo e à atualidade, de gosto de mais jovens, seja de adolescentes ou de adultos mais jovens, provoca a admiração por cantores seculares, divas e superstars, mesmo que as letras dessas canções contradigam em valores os próprios valores cristãos.
Na prática, depreciam cantores que cantem a sua própria fé e exaltam artistas depravados, não apenas não crentes com boas canções, mas que por sua música, letras e posturas influenciem multidões, na verdade toda uma geração de jovens que deixarão de crer no cristianismo, que deixarão as igrejas e a fé cristã genuína, e inconscientemente estarão servindo efetivamente às trevas e ao reino das trevas, promovendo valores interessantes aos propósitos malignos de demônios, e isso não é simplesmente uma nova teoria da conspiração.
Outro problema é a falta de canções religiosas que falem de experiência e vivências legítimas que são quase tema único das canções seculares. Desse modo, como em ocasiões de alegria legítima, aniversários, casamentos, romance, amizades, encontros festivos, etc, e dança, algo tido ainda e com certa dose de razão, como tabu entre comunidades cristãs até hoje, fazem que esse tipo de música profana, que despenda energia e libere uma certa criatividade, caia no gosto de crentes mais jovens, inicialmente de modo ocasional, ou depois de modo definitivo como expressão de apostasia e desprezo pela autêntica música cristã.
Por Helvécio S. Pereira
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